Emoção, cansaço, raiva, superação, aprendizado e uma das experiências mais grandiosas que já vivenciei: esse é o mix que define como foi fazer a travessia Petrópolis x Teresópolis e um pouco do que esperar da Serra dos Órgãos.
Pra começo de conversa é muito importante saber que: fazer uma travessia não é como ir para a praia no final de semana com sua família. Também está longe de ser como caminhar por algumas horas até uma cachoeira. É um processo que demanda preparo físico e psicológico, além de atenção e planejamento de vários detalhes.
Leia também: Cachoeiras na Serra do Cipó – dicas e roteiro do básico ao avançado
Vale dizer que meu grupo enfrentou situações diversas de clima como calor, neblina e chuva. Portanto vivenciei o pior cenário da montanha. Assim, espero te ajudar a se preparar para lidar com esse tipo de situação baseado na minha experiência.
Então para que você possa realizar uma aventura dessas da melhor forma possível separei em tópicos de como me preparei para a travessia Petrópolis x Teresópolis, mesmo sem ter experiência nenhuma nesse tipo de passeio. O artigo pode servir de base para planejar e se preparar para “turistar” em qualquer situação de montanhas. Então vem comigo que no caminho eu te explico.
O roteiro da Travessia Petrópolis x Teresópolis
Primeiramente vamos detalhar o roteiro da travessia Petrópolis x Teresópolis, conhecida como uma das mais famosas do Brasil pelas suas belas paisagens e também pelo seu nível de dificuldade.
• Primeiro Dia: Portaria Sede Petrópolis – Abrigo do Açu (Castelos do Açu)
Extensão do percurso: 07km
Dificuldade: Difícil
A caminhada até o Açú é considerada pesada devido à grande variação de altitude. Parte-se da portaria do parque, localizado no bairro Bonfim (cerca de 1.100m de altitude), chegando a 2.245m nos Castelos do Açú. A caminhada é relativamente curta (pouco mais de 7 Km de extensão) mas demora cerca de 06 horas para o montanhista médio. Existem dois pontos de coletas de água, sendo que um pode estar seco. Aconselha-se para essa travessia caminhar com no mínimo 02 litros de água, reabastecendo sempre ao passar por pontos de coletas.
• Segundo Dia: Abrigo do Açu – Abrigo do Sino (Pedra do Sino)
Extensão do percurso: 10km
Dificuldade: Difícil
Grande parte da caminhada e realizada pelos campos de altitude, vegetação de pequeno porte que, no Estado do Rio de Janeiro, só ocorre na Serra dos Órgãos, em Itatiaia e no Parque Estadual do Desengano. Trecho com variações bruscas de aclives e declives, com trechos perigosos e com exposição. Aconselha-se para essa travessia caminhar com no mínimo 02 litros de água, reabastecendo sempre ao passar por pontos de coletas.
• Terceiro Dia: Abrigo do Sino – Portaria Sede Teresópolis
Extensão do percurso: 11km
Dificuldade: Difícil
O percurso do terceiro dia inclui apenas a descida da Pedra do Sino até a Sede Teresópolis do PARNASO. A descida é relativamente “suave” (suave, pois só desce, mas são 11km que forçam bem os joelhos) com belas vistas para o município de Teresópolis e do Parque Estadual dos Três Picos. Temos vários pontos de coletas de água. Aconselha-se para essa travessia caminhar com no mínimo 02 litros de água, reabastecendo sempre ao passar por pontos de coletas.
Esse foi o descritivo fornecido pela Bicho Homem Eco Adventures, empresa com a qual fiz o passeio. Lendo assim pode até não parecer tão complexo, mas posso garantir que sem o devido preparo muitas pessoas podem deixar de concluí-la.
O preparo para a Travessia Petrópolis x Teresópolis
Como bom “Turisteiro” que sou até então só tinha feito algumas trilhas de finais de semana. Confesso que não me dei conta da magnitude que era encarar um desafio desses. Assim, depois do convite de uma amiga, resolvi embarcar nessa jornada meses antes da data do evento.
Devido a alta procura, reservamos nossas vagas com mais ou menos 6 meses de antecedência e sugiro que faça sua reserva o mais breve possível, inclusive para que tenha tempo de se preparar.
Outros motivos para fazer a reserva antecipada são: o PARNASO tem entrada limitada de 100 pessoas por dia e os abrigos tem vagas reduzidas para dormir em beliche (12) ou bivaque em cada um dos 2 abrigos. Mesmo para quem fica no beliche é altamente recomendado levar um saco de dormir para que sirva como isolante térmico e cobertor, pois as camas não tem nenhum tipo de roupa ou cobertor.
Portanto se você não se programar corre o risco de acabar ficando em barracas no camping e sequer ter acesso ao banheiro ou cozinha dos abrigos, o que pode ser bastante desconfortável. Note que para quem dorme no bivaque ou barraca além de colchão é recomendado levar um isolante térmico, pois o frio pode apertar muito durante à noite.
Se você quer saber mais informações sobre a disponibilidade de vagas e também os preços da travessia é possível obtê-los diretamente no site do Parque Nacional Serra dos Órgãos. Todavia, é altamente recomendado realizar essa atividade com o acompanhamento de um guia e nesse caso ele irá efetuar todas as reservas para você.
Desde quando realizei o fechamento da travessia nosso guia orientou a manter a prática regular de exercícios físicos, como caminhadas e academia. Ele sempre ressaltou a importância de estar bem preparado para caminhar.
O detalhe é que eu tenho um desgaste na coluna e também problemas nos dois joelhos. Então tentei fazer um fortalecimento muscular do corpo como um todo e mantive um ritmo regular de caminhadas sempre andando pelo menos 4 km 3 vezes por semana nesse período. Mas é óbvio que não consegui seguir isso muito corretamente.
RECOMENDAÇÃO: se você não tem ou não pretende ter um bom preparo/condicionamento físico para caminhadas longas ou ainda possua algum problema/limitação de saúde que não possa ser controlada como dor nos joelhos, coluna, medo de altura, talvez seja uma boa repensar se vale mesmo a pena fazer a travessia. Eu particularmente consigo minimizar minhas dores com uso de remédios e conheço bastante meu corpo. Então só por isso aceitei participar desse desafio. Portanto conheça os seus limites!
Mais uma vez: o preparo que antecede a travessia é fundamental para evitar acidentes e contribuir para que você conclua o percurso de maneira satisfatória. Eu mesmo fiquei surpreso com o nível dos participantes do meu grupo, já que a grande maioria tinha realizado outras travessias anteriormente ou estavam com excelente preparo físico enquanto eu era um baby das caminhadas.
Outra boa dica é participar de travessias menores e com nível de dificuldade mais fácil antes de encarar a caminhada pela Serra dos Órgãos. É o famoso faça o que eu diga e não o que eu faço, não é mesmo?! A Bicho Homem Eco Adventures trabalha com diversos eventos desse tipo e você pode consultar diretamente a empresa para obter mais informações.
O que levar na mochila para uma travessia?
Mais uma etapa fundamental de uma travessia é preparar sua mochila. Se eu pudesse te dar apenas uma dica nesse tópico seria: leve o mínimo de coisas que puder!
Eu mesmo revisei minha mochila várias vezes, tirei coisas dispensáveis e ainda sim no final da trilha estava muito cansado porque carreguei peso demais. A minha mochila era do tipo cargueira de 65 litros, mas teve gente que fez o percurso carregando apenas 30 litros!
Roupas e equipamentos:
Pense em levar roupas leves e tente reaproveitá-las ao máximo. Para uma travessia de 3 dias e 2 noites eu levei:
- 2 calças tipo poliamida, tactel ou semelhante, que são transpiráveis (uma já vestida no corpo);
- 3 camisas de secagem rápida tipo dry fit para caminhar (uma também já no corpo);
- 1 camisa e uma calça para dormir (backup em caso de ter peças molhadas);
- 1 bermuda para caminhar ou dormir;
- 3 cuecas;
- 1 blusa de manga comprida com proteção UVA (para sol quente);
- 1 blusa de frio tipo corta vento;
- 1 blusa de frio tipo fleece;
- luvas e gorro (se tiver previsão de muito frio);
- 1 toalha de secagem rápida;
- 3 pares de meia para caminhada (anti bolhas), sendo uma já calçada;
- 1 par de botas para trekking (no corpo);
- 1 par de chinelos (dentro dos abrigos não é permitido andar de bota);
- 1 capa de chuva;
- 1 boné;
- 1 travesseiro inflável;
- 2 óculos de sol;
- 1 bastão para caminhada (não levei, mas dizem que ajuda muito);
- 1 saco de dormir;
- 1 joelheira com orifício patelar;
Nosso guia deu uma sugestão muito bacana: colocar em sacos plásticos as peças já devidamente separadas para o uso em cada dia. Como pegamos chuva e a mochila ficou toda molhada (mesmo com a capa) se não tivesse usado os saquinhos poderia ter ensopado todas as minhas coisas e correr o risco de não poder vesti-las.
Remédios e higiene pessoal:
Mais um tópico muito importante. Como você deve conhecer o seu corpo pense em quais remédios tem o hábito de tomar e naqueles que podem te salvar além dos itens de higiene pessoal. A minha lista tinha:
- Desodorante;
- Sabonete;
- Shampoo;
- Escova de dente e creme dental;
- Micropolio, band-aid e faixa para curativos;
- Remédios de uso contínuo (caso faça uso);
- Remédio para dor de cabeça;
- Remédio para dor no corpo e/ou relaxante muscular;
- Remédio para azia/queimação;
- Anti alérgico;
- Anti gripal;
- Remédio para enjoo;
- Remédio para diarreia e/ou reguladores da flora intestinal;
- Pomada/creme para lábios, rosto e partes ressecadas;
- Pomada/spray para lesões musculares;
- Álcool em gel;
- Cloreto de Potássio (evitar câimbras);
- Pinça/cortador de unhas;
- Clorin (purificador de água);
Lanches e comidas:
Pense em levar coisas leves e de fácil preparo que ajudam a fornecer energia para seu corpo. Assim, na minha lista coloquei:
- Pão tipo bisnaguinha;
- Atum ralado;
- Salame defumado;
- Rapadura/mel/paçoquinha/doces em geral;
- Barrinha de cereal;
- Biscoitos;
- Castanhas em geral;
- Banana desidratada;
- Sucos congelados;
- Achocolatado líquido;
Nessa travessia tivemos um pacote que incluía café da manhã e jantar nos abrigos, o que ajudou a aliviar muito o peso na mochila. Consulte seu guia sobre essa possibilidade quando estiver fechando o passeio.
Qual a melhor época para fazer a travessia Petrópolis x Teresópolis?
Esse é outro tópico importante a se pensar, afinal escolher a época errada pode acabar frustrando as suas expectativas e dificultando o passeio.
Teoricamente o melhor período para fazer a travessia Petrópolis x Teresópolis é de maio a setembro, período em que a incidência de chuvas é menor. Mas lembre-se que junho e julho costumam ser os meses mais frios do ano então é algo a se pensar.
De outubro a abril a probabilidade de chuva é maior. Todavia montanha é uma região de micro clima e eu mesmo peguei um dia horrível em meados de setembro. Então é melhor estar preparado para todo tipo de situação.
Mas eu posso ir sem guia?
A resposta para essa pergunta é: depende. Se o seu intuito é apenas passar o dia no parque e talvez ir até o morro do Açu é possível fazer o trajeto sem guia.
Para mais do que isso eu não recomendaria fazer sozinho, pois além de alguns trechos não terem nenhum tipo de sinalização é perigoso descer em algumas pedras e noutras partes é simplesmente impraticável sem o apoio de cordas ou de alguém que conheça o caminho.
Nosso grupo acabou ajudando pessoas que estavam perdidas ou não tinham os equipamentos ou guias que pudessem auxiliá-las no percurso. Então não corra esse risco.
Quero conhecer apenas a vista do Portal de Hércules, preciso fazer a travessia?
Não necessariamente, mas é preciso ter em mente que: chegar até o Portal de Hércules e voltar no mesmo dia é bastante arriscado. Além da subida ser bastante desafiadora nós encontramos pessoas que queriam fazer isso e acabaram desistindo no meio do caminho.
Então o melhor jeito de conhecer a vista do Portal de Hércules e aquele lugar famoso das fotos de onde se vê o dedo de Deus é subir até o Abrigo do Açu e passar uma noite nele. No dia seguinte, logo que acordar vá até o Portal de Hércules, que fica a poucos quilômetros do abrigo.
De lá mesmo você pode iniciar a descida pelo mesmo lugar de onde veio e nesse caso não é preciso estar com um guia sendo que tanto a entrada quanto a saída são feitas por Petrópolis/RJ.
Dicas extras:
Apesar de eu não ter feito uso dizem que o bastão de caminhada pode ajudar muito a aliviar o peso sobre o corpo. Apenas um é suficiente. Como não tenho prática com caminhada não tenho e não usei, mas praticamente todos do meu grupo tinham esse assessório.
Para meninas pode ser útil levar luvas para os trechos de cordas e também para descida ou subida nas pedras. Elas protegem as mãos e ajudam a dar mais aderência.
A joelheira me ajudou muito e pode ser um recurso para quem tem problemas ou dores nos joelhos.
Mesmo tendo algumas fontes de água dentro do parque é recomendado fazer uso do comprimido de Clorin. As instruções de uso são: Após encher a garrafinha, coloque 1 comprimido para até 2 litros. Espere por 30 minutos para purifica-lá depois mantenha a garrafa aberta por um minuto antes de beber.
Agora não deixe de ler o artigo contando todos os detalhes de como foi a caminhada na Serra dos Órgãos e me conta o que achou.
Gostou do artigo? Então faça suas reservas aqui pelo blog! Clique nos links abaixo e não pague nada mais por isso. Com a sua ajuda nós recebemos uma pequena comissão e fazemos mais conteúdo de qualidade. Clica, vai?
Adquira aqui: chip internacional | melhores ofertas de hotéis | alugue um imóvel e sinta-se como morador local | passagens aéreas em promoção | seguro viagem | aluguel de carro | pacotes em promoção | viagem com milhas
Até logo!
ツ
Amei as dicas! Muito úteis, principalmente a parte da lista de itens para levar!
Ah, feliz que você gostou! 😀
Já fiz essa travessia e recomendo que seja feita com o guia.
Pois é, muito importante mesmo a presença de alguém que conheça e ajude durante o percurso. Abs
[…] Travessia Petrópolis x Teresópolis – Serra dos Órgãos no site Turisteiro […]