Imagine você dentro de um jipe aberto, circulando por vielas estreitas de terra, cercado por uma vegetação de savana numa área onde girafas, leões e os mais selvagens animais estão fora das grades. Não, não estou falando de uma cena do filme Jurassic Park. Isso aí aconteceu quando estive num safári na África do Sul.
A aventura começou em Joanesburgo, capital do país. Saindo de Sampa, são aproximadas onze horas dentro de um avião, a viagem mais longa e sem interrupção que já fiz. Antes de partir pra selva, fiz uma breve pausa para conhecer um pouco daquela cidade que respira política, cultura e muita desigualdade; uma verdadeira aula de história. O bairro de Soweto, que foi criado para moradia exclusiva dos negros, é bem interessante.
Na época do Apartheid foi um marco na resistência anti-racista. Mandela, figura emblemática que tanto lutou pelos direitos desse grupo é tido por lá como um rei. Nas casas, ruas e em pontos comerciais é muito fácil ver a foto dele exposta em quadros. Entre os pontos turísticos da cidade estão Nelson Mandela Square, Museu do Apartheid, o Carlton Centre, conhecido como Top of Africa, que é o prédio mais alto do continente africano com 50 andares e vista em trezentos e sessenta graus.
Mas sim, vamos ao safári, que inclusive o #TURISTEIRO pode te ajudar a planejar. Partindo de carro de Joanesburgo são cerca de cinco horas até o Kruger Park. Os primeiros animais foram avistados na parada do restaurante: famílias inteiras de rinocerontes. O Kruger é um dos mais famosos parques da África do Sul, fica na cidade de Nelspruit, local onde o turista pode chegar de carro ou avião. Para carros, é possível alugá-los ou se juntar a algum grupo, sendo levado por agências locais.
O Parque Kruger oferece opção de hospedagem com acomodações em tendas ou bangalôs e mesmo tendo muitos animais soltos, pode ficar tranquilo: não há risco de ataques porque a área de hospedagem fica em outro espaço. Preocupe-se apenas com os divertidos macacos, verdadeiros invasores, mas muito comportados. Aliás, por falar em comportamento, ninguém pode descer do carro durante o safári, ainda que possa haver gente querendo fazer isso! Quem não quiser o preço meio salgado do parque, pode ficar nos nos arredores pagando menos. Porém, apesar de parecer desconfortável, dormir na tenda de lona não é lá o fim do mundo. A cama é de casal, tem um abajur ao lado dela e um alerta: feche o zíper e confira sua cama, há risco de cobras, ainda que eu mesmo não tenha visto nenhuma.
Nesse fantástico hotel-parque, você verá muitos animais. Os primeiros a darem as caras foram os chamados kudus, uma espécie de “bambe” com chifres bem exóticos que estão por toda parte. Não demorou muito e lá estavam os elefantes. Na sequência girafas e pássaros que nunca tinha visto. Aí vieram zebras, búfalos, rinocerontes, hipopótamos. E depois de algum tempo, todos esses animais vão se tornando comuns. Reservados para o final da tarde, lá estavam os leões e leopardos. Todos querem vê-los mais de perto, o que causa um “engarrafamento” dos carros. Com sorte, dá pra ver sim o leão passar até ao lado do jipe. E vá sem medo, pois eles não atacam.
Uma opção mais próxima da capital seria o Lion Park. Funciona como um zoológico no qual só se entra de carro. Além dos animais já mencionados, por lá se encontra cheetah, uma espécie de onça pintada. Também neste parque há um espaço só com filhotes de leões, sendo que os visitantes podem entrar e brincar com eles. Só não espere muito carinho e alisamento, afinal são selvagens. Tudo fica registrado nas fotos.
Segui para a cidade de Porto Elisabeth. Ao contrário de Johanesburgo, aqui já dá pra conhecer boa parte da cidade caminhando, pois as principais atrações ficam bem próximas umas das outras. Entre os passeios imperdíveis estão o pôr do sol no Hobie Shark Rock Pier e uma visitinha ao Board Walk Complex, um shopping que funciona em diversos casarões ao redor de um lago, diferente de tudo que já conheci. O local é ideal para comprar lembrancinhas, tirar fotos bacanas e fazer uma boa refeição.
Mas a grande surpresa mesmo dessa viagem ficou por conta de Cape Town ou Cidade do Cabo. O lugar é incrível, cheio de coisa pra visitar! Tem muito movimento durante a noite, principalmente pelos bares e restaurantes. Também é ponto obrigatório daqueles que procuram experiências gastronômicas. A rua mais movimentada, a Long Street, é lotada de tudo: bares, boates, restaurantes e lojas.
Não deixe de comer no Mama África, que de tão badalado, precisa de reserva com no mínimo um dia de antecedência. No menu, pratos exóticos como carne de crocodilo (que por um acaso é o nome de um famoso restaurante em Campos do Jordão/SP, só que serve rodízio de fondue, estivemos por lá, leia nossa avaliação aqui), kudu, avestruz, dentre outros. Fiquei impressionado com o som de um grupo de músicos que dão um show de música africana. Bem perto dali está o Green Market, o mercado de artesanato que funciona com a montagem de dezenas de barracas numa praça da cidade, ideal para lembrancinhas.
Cidade do Cabo é um lugar que cresceu em frente a um complexo de montanhas, batizado de Table Mountain por se parecer mesmo com uma mesa. O local é de encher os olhos, uma das sete novas maravilhas naturais do planeta e atrai gente do mundo inteiro. Para alcançar seu cume, as opções são encarar uma longa trilha ou então embarcar no teleférico panorâmico. Lá em cima você verá uma paisagem deslumbrante. Dá inclusive para avistar a ilha chamada Robbin Island, por onde Mandela ficou preso por 17 anos. Pra quem quiser, essa ilha também é visitável, sendo seu guia um ex-preso político, assim como foi Mandela. Por essas bandas, eu também vi pinguins.