Hanói, Vietnã: um delicioso caos que inspira certa ordem
É inevitável para muitas pessoas lembrar do Vietnã por causa da guerra que aconteceu naquele país, mas você sabia que esse dito conflito acabou há mais de 40 anos e que o país já mudou muito desde então? Deixando essa informação de lado, tá na hora de descobrir um pouco mais das belezas do país, que tem pessoas carismáticas, um trânsito muito louco, famosos cafés e uma incrível gastronomia de rua. A começar pelo visto, o Vietnã é talvez o único país da Ásia onde é preciso uma carta de aprovação para se poder entrar. Se você pretende visitar o país, certamente irá se deparar com o termo approval letter, que nada mais é do que uma espécie de “permissão” para que você possa entrar no país. O que muita gente não sabe é que essa carta deve PREFERENCIALMENTE ser obtida antes da viagem, caso contrário irá ter transtornos se deixar para obtê-la na hora (no nosso caso perdemos o voo e ainda desembolsamos 70 dólares por uma espécie de “fast track” que foi disponibilizado cerca de 2 horas após a solicitação via internet, caso você esteja desesperado e nessa mesma situação, sua salvação para obter a carta de emergência pode estar aqui ou aqui). Já em solo vietnamita, para obter o visto são necessárias mais 2 fotos 5×7 ou 3×4 e uma taxinha de 45 dólares, caso a sua entrada no país seja única. Se quiser entrar e sair por lá mais de uma vez a taxa passa para 65 USD e uma dica importante: essa taxa deve ser paga em dólares mesmo, inclusive eles devolvem troco (em dólares) na transação, pode ser uma boa oportunidade para quem deseja obter notas menores. Outra dica boa é obter o visto para o país antes mesmo de embarcar para o continente asiático, maiores informações via consulado do Vietnã, cuja sede é em Brasília. Na casa de câmbio do aeroporto, troque somente o suficiente para pagar o transporte, pois na cidade qualquer hotel troca dinheiro com cotações melhores e de maneira muito simplificada. Para sair de lá existem duas opções: a barata (van coletiva) e a cara (táxi). Claro que optamos pela mais econômica, procure por vans identificadas com a logomarca das empresas Vietnam Airlines ou Vietjet. Elas cobram cerca de 40-50 mil dongs (mais ou menos 10 reais) para te levar até o centro e principal região dos hotéis. Um táxi convencional custa em torno de 570 mil dongs (o equivalente a 100 reais). Chegando no miolinho turístico, muitas das ruelas não podem circular carros, então o jeito é ir de viação “canelinha” mesmo. Ao se aproximar do centro, o primeiro grande impacto certamente será com o número de motos (que parece um enxame de abelhas), a quantidade de pessoas em cima de cada uma delas e a ausência de qualquer sinal ou regra de trânsito, uma verdadeira maravilha que funciona, ainda que ler isso te cause espanto. É como se tudo: moto, carro, pedestre, charrete, todos estivessem em uma certa harmonia que não para nunca, seja para pedestres atravessarem, seja para outros veículos cruzarem. De uma forma geral, tudo pode ser pago em dólar ou euro, inclusive as refeições, passeios e a estadia do hotel. Depois do susto inicial, você também se sentirá surpreso com a sensação de segurança (não vi sequer um trombadinha ou mendigo) nas ruas e com a maneira como as pessoas usam elas para fazer suas refeições. E o mais impressionante de tudo é que, apesar da grande maioria comer em banquetas improvisadas nas pequenas calçadas ou na própria rua, o ambiente é limpo, livre de moscas e animais como gatos ou cachorros. Com o equivalente a 50 reais é possível comer entrada, prato principal e uma bebida. A sensação de comer na rua, vendo tudo acontecer, é única, recomendo fortemente. Fizemos um churrasco de carne e frango em uma grelha improvisada, além de grelharmos legumes e desfrutar de uma farta porção de camarões junto de nossas novas amigas francesas. Num certo momento, quando pedimos pra atendente baixar o fogo da “churrasqueira”, ela colocou nosso vasilhame de comida no asfalto, direto no chão mesmo (apenas a parte debaixo), sem qualquer cerimônia. Outra sugestão gastronômica é o clássico café vietnamita, bem forte e coado direto na xícara. Foi legal ver que tudo fecha por volta da meia noite e os comerciantes lavam seus utensílios como panelas, vasilhames, talheres na calçada mesmo, logo depois que terminam de atender os clientes, nada fica sujo. A polícia passava também por volta desse horário mandando quem ainda tivesse na rua ir pra casa ou hotel. Devido ao nosso atraso de um dia por causa da bendita cartinha, todos os planos de conhecer Hanói ficaram bagunçados, mas tínhamos planejado bater perna pelo Old Quarter, a região do comércio local e que tem inclusive feirinha. Dá pra ir caminhando no Ngoc Son Temple, bem no meio de um lago onde dizem viver uma tartaruga gigante. Tem também o Templo da Literatura e o Ho Chi Minh Mausoleum, além da Catedral de St. Joseph. Nós só não abrimos mão do principal motivo de visita a Hanói, uma das novas maravilhas do mundo moderno: Halong Bay. Halong Bay é o tipo de passeio obrigatório para quem vai ao Vietnã, mas não me pareceu um lugar pra dormir, pois fiz lá todas as atividades que esperava: apreciei a vista, andei de kayak, entrei em cavernas e almocei no próprio barco uma refeição bem simples com arroz, salada e peixe frito, a bebida era paga à parte. Nos disseram que a água era imprópria para banho, portanto não se iluda que terá refresco do calor Vietnamita. A baia é incrível, cada pedaço de pedra é mais lindo do que o outro, rende lindas fotos e uma pergunta: como aquilo se formou? Reza a lenda que tais rochas são cuspidas de dragões que foram enviados pelos deuses para defender os vietnames dos chineses (aham, eu acredito!) Em uma das paradas é possível caminhar por uma ilhota, onde se tem uma caverna multicor e um mirante, muito bacana. O kayak também é uma experiência legal, pois passa por debaixo de uma rocha, atravessando uma galeria de pedra a céu aberto incrível, foi uma ótima aventura. Foram cerca de seis horas passeando em Halong, mas é claro que para chegar nesse paraíso, existe um pequeno sofrimento. São